sexta-feira, 30 de julho de 2010

Move

TPM enche, mas às vezes pode ser útil. Como ficamos menos tolerantes, a tendência é chutar pra longe os inconvenientes da vida mais rapidamente, sem delongas. E aí, eis que ganhamos a chance de nos livrar de situações chatas sem culpa e com a verve aguçada característica dos hormônios em fúria. Ando com muito pouca paciência pra algumas frases de efeito que venho sendo obrigada a escutar há algum tempo... Tendo a buscar um caminho que compense a perda que terei quando resolver surtar. Engraçado que surto planejado é uma coisa, assim, incomum, mas não é que existe? Bom. Estranho é como passamos mais tempo do que devemos aturando situações incômodas. Ok, muitas vezes a necessidade da vida real tem culpa no cartório, mas bem que poderíamos ser mais ágeis quando o que está em jogo é nossa satisfação pessoal. Ainda bem que tem TPM todo mês.

terça-feira, 27 de julho de 2010

As mentiras que te contaram

Mentiras piedosas muitas vezes são necessárias. Mas às vezes o povo exagera. Listo abaixo algumas das que mais me comoveram nos últimos tempos:

1. É possível ser elegantérrima gastando muito pouco e comprando em magazines. Não, não é. Roupa boa, com bom corte, tecido que dura, etc e tal, custa um dinheirinho. Não é que a gente tem sempre que pagar pelo fetiche da mercadoria, mas hay que fazer um investimento. No fim, o custo se dilui na quantidade de vezes que você vai usar a peça.
2. Basta comprar roupa muito cara pra ser chique. Nothing at all! O que tem de gente que enverga o preço de um apartamento nas costas e é brega... Não basta grana. Tem que ter chiqueza na alma, bem.
3. Mulher não é amiga de mulher. Algum homem inventou isso pra se dar bem às nossas custas. Não caiam nessa, meninas! Somos, sim, capazes de amar nossas amigas do fundo da alma. Para sempre, inclusive.
4. Sexo é sempre igual, afinal, o caminho das pedras não muda muito. Eita, que mentira do cão! Talento é talento - tem gente que tem, tem gente que pensa que tem.
5. Qualquer um pode dançar, é só treinar. Sorry, galera, mas isso é mais uma lenda caridosa que inventaram pra consolar aquela turma que entra no curso de dança de salão "pra se soltar". Tem um povo que é absolutamente incapaz de fazer um dois pra lá, dois pra cá que preste. E não há treino que dê jeito.
6. Nossas boas ações serão recompensadas pelo destino. Se fosse assim, Jesus não tinha morrido na cruz.
7. Só um minutinho, senhor. Que tipo de relógio essa gente que profere essas palavras usa?
8. Não é você, sou eu. Precisa mais?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Não me inveje, trabalhe

Estava vendo, de novo, há uns dois dias, Vick Cristina Barcelona, o filme de Woody Allen. Muito, muito legal, noves fora o fato de que as duas protagonistas são lindas de dar raiva. Devia ser proibido existir mulher assim no mundo, e olhe que eu tenho uma auto estima super consolidada. Imagine quem não tem - não recomendo assistir ao filme.

Uma é a loura mais linda do mundo, boca e peitos perfeitos, a super Scarlett Johansson. A outra é a morena espanhola top top sexy Penélope Cruz, uma aparição. Ó, céus. Haja boniteza por metro quadrado. Quem não nasceu assim, precisa ralar, sempre - e aí estamos quase todas no mesmo barco, porque lindeza genética não é pra todo mundo.

Podemos, entretanto, ser maravilhosas. Ser maravilhosa é mais que ser só linda, mas pede trabalho. Não dá pra ser maravilhosa deitada na cama de pijamão. Todo esforço é necessário, inclusive e principalmente, no que diz respeito ao intelecto. Tem a ver também com energia, uma coisa meio difícil de explicar, mas muito real.

Mesmo assim, todos os argumentos que me consolam esbarram na minha imaginação dramática, que projeta a seguinte cena: as duas juntas, olhando para as demais mortais do alto da sua perfeição e repetindo aquela máxima das lotações: "não me inveje, trabalhe". Será que uma jornada de 40h semanais dá conta?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Daqui pra melhor

Um registro ao aniversário do meu amigo Alexandre (que foi ontem), que me imputa a pecha de mulher cheia de testesterona, uma deslavada e descarada mentira, diga-se. Parênteses: nunca houve ninguém mais muié que yo. Parabéns a ele e aos seus 40 anos, sempre uma idade interessantíssima, em minha opinião. Viva à sua generosidade, ao seu caráter, ao grande companheiro de trabalho que ele é. É daqui pra melhor, galera.

domingo, 11 de julho de 2010

O caso Bruno

Quando a gente imagina que o mundo está melhor, mais igual, que as pessoas tem direitos e deveres relativamente equilibrados, que homens e mulheres podem conviver como parceiros e não como adversários, eis que esbarramos em acontecimentos que nos mostram o quanto ainda temos que avançar. A morte dessa menina que engravidou do tal goleiro do Flamengo, um psicopata digno de filme de terror, é emblemático.

Não pela coisa em si, já que loucos assassinos sempre vão existir, por mais evoluído que o mundo esteja. A questão é mais complexa e mais grave.  Claro, há quem diga que fatos assim são frutos do meio, de certa forma explicados por circunstâncias sociais. Não penso assim. Acho que pessoas como esse Bruno são desequilibradas por natureza, não teriam ética nem moral mesmo que tivessem sido criadas pelos melhores pais, no país mais socialmente equilibrado do planeta. Ele é do mal, ponto. Sempre será.

O que mais me choca, no entanto, são as pessoas ditas sãs que abrem a boca pra justificar a forma brutal com que a moça foi assassinada, como se o fato dela usar o corpo pra se mover no mundo fosse motivo suficiente pra que a sua vida tivesse menos valor que as demais. Já ouvi gente dizer "coitado", já ouvi dizer que ele foi burro, já ouvi quem afirmasse "tá vendo, acabou com a vida por causa de uma periguete". Meu Deus. E a menina? E a criança, filha dela? A moça morta só jogava com as armas que tinha, e estava sempre em desvantagem, embora tenha pensado que não, em certa hora. Ela era a parte fraca da história, ela é quem merece piedade.

Quem anda com as marias-chuteira deve saber qual o objetivo delas, a não ser ser que seja muito imbecil. Engravidar, neste caso, é como ganhar na loteria. Se ele não se preveniu, que arcasse com as consequências. Esse cara era conhecido por se divertir batendo em mulheres, e tinha uma amizade por demais suspeita com os tais cúmplices do assassinato. A pior coisa do mundo, mais perigosa, é um ser doente, violento, mal resolvido com a própria sexualidade, que sai pelo mundo se "vingando" das mulheres que ele não consegue amar, nem desejar.

Tomara que na cadeia esse Bruno consiga o que tanto desejou a vida inteira, mas não teve coragem pra encarar. Tomara que os colegas de cela lhe façam as honras. Covarde, porque é gay e não assume, e tem raiva de quem o faz conviver com a própria homossexualidade. Covarde, porque vitimiza quem é mais fraco que ele. Esse sujeito não é nem gente. Não é um sentimento bom, mas desejo a ele tudo de pior. Dane-se.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sale

Há momentos em que tudo o que você precisa é de uma liquidação, por mais fútil que o desejo pareça. Há momentos em que as coisas muito sérias, as decisões definitivas, as soluções finais, tudo isso pode ser trocado por uma penca de roupichas compradas por um precinho justo. Nestas horas, as sacolas juntas, ao lado da cadeira onde você sentou pra descansar e tomar um capuccino depois da "feira", são a mais fiel imagem da felicidade.

sábado, 3 de julho de 2010

Menos lágrimas, mais informação

Nestes últimos dias, não tive direito de ter preguiça. Trabalho e mais trabalho, com algumas pausas, breves, pra dar uma olhada nas filhas e no marido. E pra dançar um pouquinho, que ficar sem isso também já é demais. Nesse meio tempo, já deu pra perceber que a cobertura de tragédias que a imprensa, não só a nossa, faz, continua tão ruim como sempre. Muito drama, pouca informação útil, com algumas louváveis exceções.

Não é o caso de pedir elogios, não é esse o ponto da minha argumentação. Importante seria, apenas, que os veículos se importassem mais em cumprir o papel de divulgar informação de qualidade, com precisão, e menos com procurar "personagens" que imprimam mais drama ao que já é, por si só, dramático demais. Tomara que um dia a gente não precise mais ver câmeras focando nos olhos marejados das pessoas, já tão castigadas. Elas não precisam de repórteres perguntando obviedades. Elas precisam, sim, de profissionais que informem, que as ajudem, de acordo com a sua função, a recuperar a dignidade. Que tal, pra variar?