domingo, 24 de abril de 2011

Pecado

Comprei um livro sui generis. O título: "Meu destino é pecar". Autor: Suzana Flag (pseudônimo de Nelson Rodrigues quando escrevia para um jornal, cujo nome não me lembro agora. Ele escrevia essa historinha em capítulos, e só sei que a tiragem do jornal aumentou de 3 mil para 30 mil exemplares diários na época). Pense numa história rocambolesca, cheia de amores complicados, brigas de família e frases de efeito.

Passei um pouco da metade do livro, e desconfio que ainda serei pega em reviravoltas supreendentes. Por enquanto, a história anda assim: há uma personagem, já morta (ou pelo menos aparentemente morta), que conduz toda a história, assombrando os vivos com sua lembrança. A pobre teria morrido estraçalhada por cachorros selvagens, e paira a desconfiança na família de que foi o viúvo que soltou os animais na bichinha, motivado por ciúmes do irmão, um homem belíssimo, quiçá irresistível. As mulheres matam e morrem por causa do bonitão. Agora imagem o povo carioca lendo isso no café da manhã. Muitcho bom.

Tem mais: o viúvo é manco - ficou assim ao tentar salvar a mulher dos cachorros (ainda não descobri se ele fez isso mesmo ou se está sendo injustiçado). O danado virou alcoolatra, e casou-se de pirraça com uma moça feiosinha cujo pai, de caráter duvidoso, a obrigou a casar-se para não ir preso. O manco é rico e livrou a cara do sogro da cadeia. Embora não goste da moça, não quer que ela se engrace do irmão, mas é claro que ela se apaixonou por ele - pelo irmão bonitão - assim que o viu.

A irmã da moça feiosinha perdeu uma perna num acidente, e também se apaixonou pelo cara lindo. No meio da confusão, há uma mulher, lindíssima, que vive numa casa no meio do mato, isolada de tudo e de todos, e recebe a visita do bonitão todas as noites. Só um empregado que cuida dela e o padre da cidade sabem da sua existência. Não por acaso, a lindona está surtando, endoidando aos poucos, ao perceber que o gato está perdendo o interesse nela. Ele agora está a fins da nova mulher do irmão manco, só pra não perder o costume. Afe.

E eu ainda estou no meio da história. Carrego comigo algumas desconfianças sobre como se dará o desenrolar da trama, e uma certeza: esse Nelson Rodrigues era realmente sensacional.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pausa

Quero dizer a todos que, após minha incursão sertaneja, passei algumas horas internada em um salão de beleza e depois num spa urbano. Tudo para não decepcionar meu querido (e fiel leitor) secretário de planejamento e gestão, que me credita a pecha de fina e fofa, tal qual as daminhas das colunas sociais. Só pra não tirar sua razão, dear Alex, joguei-me nos tratamentos estéticos durante longas e deliciosas quatro horas.

Quero dizer a todos, mais uma vez, que depois de uma manicure/pedicure caprichadíssima, entrei no spa da L'occitane, no Paço Alfândega, para fazer uma limpeza de pele super supra sumo. Pelo preço, tinha que ser muito boa mesmo. E não é que é uma maravilha? O tratamento, por si só, funciona de verdade, e as frescurinhas ao longo do processo são tudo o que há de melhor.

Roupão, chinelinho, meia luz, massagem, bebidinhas, etc e tal - pense num momento mulherzinha. Pela descrição, parece encontro romântico, e até pode ser considerado assim - a date with myself. O fato é que essas horinhas em minha vida fizeram toda a diferença. Saí do Paço às 21h, feliz da vida, e fui encontrar duas amigas (uma delas mora nos EUA e eu não a via há um tempão) num restaurante perto de casa. Comemos comidinhas frescas e entornamos uns copinhos, como diz meu outro amigo Alex, desta vez o Gabriel. Foi um dia delícia.

domingo, 3 de abril de 2011

Andanças pelo sertão

Acabo de chegar de uma viagem ao sertão. Fui a trabalho, acompanhando o governo estadual nos seminários do programa Todos por Pernambuco. Apesar do calor (eita, terra quente!), a experiência foi das mais interessantes. Foi muito bonito ver uma enorme quantidade de pessoas se mobilizando para participar da construção das políticas públicas em suas regiões, de forma qualificada, na maioria das vezes espontânea. O povo sertanejo já nasce sabendo ser cidadão, é uma coisa impressionante de se ver.

As pessoas chegavam, faziam seu credenciamento, falavam. Com conhecimento de causa, com responsabilidade, ajudando assim o governo a não errar, ou a errar menos. Os que estão ocupando as cadeiras tiveram que exercitar a humildade, aprendendo na prática que quem sabe melhor das necessidades é quem passa por elas no dia a dia. Todo mundo ganhou, no fim das contas.

Bonito também foi ver que toda aquela mobilização só aconteceu porque as pessoas têm confiança, confiança que a participação delas vai ser levada em consideração, que elas não vão falar à toa. Lindo demais perceber que o compromisso levado a sério é o maior valor que devemos buscar - o retorno vem em forma de reconhecimento, expresso no olhar, no trabalho voluntário daquela gente toda reunida. Que riqueza.