quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

No tempo da delicadeza

Sim, sim, a vida é recheada de sub-textos (com hífen, como mandou o google). Sub-textos que nos permitem viver em sociedade, mas em muitos momentos podem ser causadores de grandes confusões comunicativas - ou de mágoas permanentes. Calar, no entanto, pode ser necessário. Vale dizer o que precisa ser dito, sempre? Tenho feito assim ao longo da existência, algumas vezes com resultados satisfatórios, outras, nem tanto. Os mais próximos, naturalmente, penam um tantinho mais. Clareza e transparência, estou tentando aprender, não é pra toda hora, nem pra todo mundo. Segura a língua, minha filha.

Desentendi-me uma vez com alguém super querido porque ele, de certa maneira, agrediu-me usando informações privilegiadas que detinha sobre mim - e acusou-me, fim das contas, de me expor demais. Outro querido me acudiu, com ombro amigo e cerveja, posto que fiquei bem chateada e passei a tarde chorando por causa das citadas declarações, absolutamente desnecessárias. Tudo tinha a ver com sub-textos, afinal, que permanecerão embutidos porque não é preciso desencavar tudo nessa vida. Sob pena de perdermos a convivência com os nossos afetos, de perdermos a linha da sensibilidade, de entrarmos num processo autofágico de profundidade infinita, que pode fazer mais mal que bem. Também eu já falei demais, muitas e muitas e muitas vezes. Pedi desculpas, mas há coisas que não se apagam.

O equilíbrio, creio, está na sinceridade relativa. Relativizada pelas circunstâncias, pela natureza dos acontecimentos, pela delicadeza. Muito do que não dizemos, não é dito em nome da delicadeza. Quer motivo mais nobre? Em 2013, tentarei ampliar em mim o princípio da delicadeza, meus amores. Promessa de ano novo.