Fim de semana passado, participei de fóruns onde as protagonistas eram meninas cartunistas. Coisa rara, uma vez que este universo sempre foi dominado pelos machos, desde muito antes do Pasquim até os dias atuais. Interessante demais observar o olhar crítico de cada uma, e melhor ainda poder fazer valer, através delas, nossa verve sarcástica, ácida, crítica, irônica, sacana. Fato é que nós, mulheres, fomos sempre orientadas a rir pouco, rir com educação, rir de maneira "feminina". Não é de bom tom gargalhar, falar palavrão, brincar com a sexualidade, tal qual fazem os rapazes.
Oba, as meninas cartunistas estão desconstruindo este cenário. Com suas personagens engraçadas e engajadas, discutem a condição feminina sem ranço e de sutiã (e batom e perfume). São meninas bonitas, bem amadas, inteligentes - nada a ver com os estereótipos sempre associados às moças que defendem seu próprio lado e brigam contra a desigualdade que, afinal, ainda é perniciosa e evidente entre nós. Adorei o discurso podrera de Chiquinha, cuja Elefoa Cor de Rosa arrasa ao se negar a vestir calça 38 e sai nua por aí. Massa a sacada de Pryscila, que criou uma boneca inflável falante e pensante. Pra fechar, só mesmo a gargalhada de Sonia Lyuten, a decana estudiosa dos quadrinhos e do humor que nunca perde a paixão da descoberta; parece estar sempre debutando.
Com pancada, e com afeto, ora pois (vale muito a pena conferir a exposição: no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem).
ANITTA E SUA TATUAGEM
Há 3 anos