Das duas vezes em que tive filhos, jurei pra mim mesma que jamais engravidaria novamente. Adorava (e adoro) meus bebês, até hoje uma das coisas que mais gosto de fazer na vida é cuidar de crianças com menos de dois anos de idade. Mas detestei a gravidez, os enjôos, o peso, o fato de não ter nada que preste pra vestir depois dos seis meses de barriga, o pós parto, sempre melancólico... Buenas, mesmo assim, engravidei a segunda vez, e às vezes me pego com uma vontade danada de criar um menininho meu, com todo o Édipo a que ele teria direito.
Como toda vontade estranha, essa dá e passa, e não, não estou grávida de novo, minha gente. Ainda bem, tenho a minha fofucha sobrinha pra cuidar de vez em quando. Ela, alíás, esteve nos visitando neste sábado, e se comportou muito bem. Dormiu que foi uma beleza, que já tinha farrado muito a manhã inteira. Mamou, e dormiu de novo. Foi pra casa sem dar nenhum trabalho maior à tia, ao tio ou às primas, praticamente uma lady.
Voltando aos traumas, eles passam, é isso que quero dizer. Estive traumatizada com os estudos acadêmicos, muito por causa de um doutoramento passivo a que fui submetida por longos seis anos. Reconheço que, ok, o processo todo deverá render frutos importantes. Mas que foi demoraaaaaado, lá isso foi mesmo. Traumatizei, e duvidava se um dia eu, uma intelectual pouco ortodoxa, embora com muita vocação, teria condições psicofísicas de viver a trajetória de um doutorado pra chamar de meu.
O causo é que a mosquinha dos estudos profundos, da sala de aula, dos títulos e das bancas começa a me rondar. Gosto muito de estudar, essa é que a verdade, e quando penso em prêmio da loteria, só me vem um tipo de vida à cabeça - aquele em que terei tempo pra só me dedicar a estudar línguas, psicologia, filosofia, ciência política... Dançar um tanto, comprar umas coisinhas outro tanto, mas estudar, principalmente. E viajar, naturalmente.
Assim, estou olhando ao redor, mais uma vez. Pensando em que curso gostaria de fazer para completar minha formação, de que forma esse doutorado pode facilitar, agregar valor, contribuir para o trabalho que faço hoje no governo, que é a área da comunicação que mais me encanta, ao lado da sala de aula. Não nasci mesmo foi pra ser repórter, eita negocinho chatinho, ainda mais pra mim, que sou meio crítica demais e não me empolgo com essa besteira de furo, não tô nem aí pra nenhum famoso e não me encanto com os acessos e os jantares que a profissão teoricamente propicia. Tá bom, serei menos chata e direi que há muitos jornalistas - repórteres, sim - críticos, responsáveis e nada deslumbrados. Deixa pra eles a responsabilidade de catar a notícia da hora.
Tô pensando em algo que junte as duas coisas, comunicação e gestão pública. Vou pavimentar o caminho com calma, e começar a me preparar para a pedreira que vai ser conciliar minha vida a este movimento. Só não posso me acalmar demais, senão a vontade passa. Adelante, e avante.