domingo, 27 de junho de 2010

Esperança

Eita, que esse São João foi meio morgado. Muita gente está, agora, em Pernambuco, reunindo as últimas forças pra tentar enxergar de novo um horizonte pra vida. Difícil demais quando tudo o que se vê em volta é destruição. Essas pessoas precisam saber, porém, que tem um monte de gente trabalhando muito pra que elas tenham, o mais rápido possível, condições de retomar seu trabalho, sua rotina, sua vida. Para elas, uma poesia, nesse momento em que as urgências do corpo não deixam espaço para as manifestações do espírito.

Esperança
Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Chove, chuva

Incrível como os fenômenos naturais ainda têm tanta interferência em nossa vida cosmopolita e pós-moderna. As chuvas que castigaram Pernambuco nos últimos oito dias que o digam. O cenário que vi, pela TV, é de uma desolação só. Tanta gente sem casa, sem saber onde estão os familiares, sem nada. Triste demais.

E é só água, afinal. A gente não imagina que a água possa ser, sozinha, a causa de tantos estragos. Li no livro de ciências da minha filha que água é solvente universal, só escapam areia e óleo. Asfalto, madeira, concreto... Nada fica em pé se a força da água for muito grande.

A hora é de juntar os caquinhos. Não cabe apontar culpados, até porque, a rigor, eles não existem. É preciso, mesmo, ajudar, mobilizar, fazer o que for possível para dar um pouco de consolo a quem perdeu bens materiais e imateriais. Todo o resto fica pra depois. Simbora.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Linda música

Dia desses, fui apresentada a essa musiquinha, e achei a bichinha tão lindinha, e emocionante (deveras). Fico feliz ao ouvi-la, anyway. Paratodos, aí vai ela, acompanhada das imagens que provoca no espírito. Enjoy.


Did I see a moment with you

In a half lit world

I'm frightened to believe

But I must try

If I stumble if I fall

I'm reaching out in this mourning air, ohh


Have I got the strength to ask

Beyond the window

I feel this fear alone

Until we have

Total honesty

If I tremble or fall

I'm reaching out in this mourning air, ohh


Should I feel a moment with you

To softly whisper

I crave nothing else so much

Longing to reveal

Total honesty

I can feel your touch

I'm reaching out in this mourning air, ohh
I'm reaching out in this mourning air, ohh.

domingo, 13 de junho de 2010

Aos namorados

Ontem foi dia dos namorados. Ok, isso todo mundo já sabe. O que eu queria comentar, na verdade, é que essa é uma daquelas datas comemorativas que parece ter vida própria, ou seja, "cada ser tem sonhos à sua maneira", como bem já disse Lula Queiroga. Há casais casados que acham que não precisam mais de um dia dos namorados pra chamar de seu, pois são casados, afinal. Pode ser que não namorem mais, pode ser que sejam apenas desligados "dessas coisas". Pode ser. Aposto na primeira opção, mas posso me enganar. Sempre, aliás. Inclusive, acho que descobri que andava me enganando com umas coisas. Mas não pretendo derivar. De volta ao Valentine's day.

Faço parte de um dos casais que acha que tem que comemorar sempre, já que o comércio nos está fornecendo uma desculpa para tal. Aproveitemos, então. Na sexta, my crazy day, meu namorado estava viajando e minha rotina virou um caos. Nem ao trabalho, à tarde, consegui ir. Aniversário de 90 anos da minha avó, prova na faculdade à noite, filhas pra pegar e levar, cabelereiro, manicure, presente, shopping... Socorro. À noite, na festinha da abuela, morta de cansada, tomei todas e super me diverti com meu irmão, cunhada, primos e tios queridos. O fato é que, no sábado 12, tive que preparar my private party ainda sofrendo de leve ressaca. Mas não esmoreci.

Fiz uma feirinha super caprichada, e cozinhei tudo, da sobremesa à entrada. Namorado/marido ainda em trânsito, comecei o ritual. Decidimos ficar em casa, até porque décadas de experiência nos fizeram decidir a não mais pagar mico em restaurantes lotados, caros e com péssimo serviço. Modéstia à parte, meu jantar ficou excelente, e o vinho também estava ótimo. Divertimo-nos bastante. Foi uma comemoração deveras clichê, mas quem disse que os clichês também não têm o seu valor? O amor é brega, pessoas, e se não for assim, não tem graça. Muito bom senso não combina com romance.

Portanto, um brinde aos namorados, de hoje e de ontem. Tin-tin também aos solteiros que irão namorar, mais dia menos dia, porque o que tenho visto por aí é que não se perde ninguém nesse mundo de meu Deus. Para as meninas, uma dica: não acreditem nesse papo de que "está faltando homem". Eles espalharam essa lenda só pra valorizar o próprio passe. Não está faltando porcaria nenhuma. Meninos, não creiam também quando disserem que as moças só querem saber de caras "com dinheiro". Mentira deslavada. Meninas e meninos de bem querem atenção, carinho, afeto, paixão. E o resto é lucro.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Como descobrir um novo adolescente

Minha filhota mais velha, Júlia, recusa-se a ser adolescente, acho que já falei isso por aqui. Segundo ela, ser adolescente é uó. Ontem, estava me explicando como as coleguinhas da turma que, ao contrário dela, desejam ardentemente ser adolescentes, comportam-se para parecer adolescentes. Deus, isso está ficando complicado.

Bom, as atitudes das meninas que Júlia acha "simplesmente ridículas" são "usar sutiã com enchimento" - "mãe, elas ficam com o peito igual ao seu" - o que pode significar que preciso mesmo de silicone, como eu suspeitava. Outro sintoma é que, segundo Ju, "elas são amigas dos meninos!". Faz todo sentido.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Nada pode ser mais bizarro

Bizarro. É a palavra que me vem à mente para descrever este caso Maristela Just. Bizarro é o fato de existirem homens que se acham no direito de agredir e matar mulheres porque estas mulheres entenderam, finalmente, que eles são umas porcarias, uns seres com os quais não vale a pena nem trocar um bom dia, quanto mais conviver. Ninguém fala sobre a "honra" feminina quando a traição surge de lá pra cá, e olhe que eu nem estou entrando no mérito. Não sei se houve ou não traição neste caso, até porque é o que menos importa na história toda. Não há justificativa para matar.

O fato é que nós podemos levar chifres à vontade, ninguém briga pela nossa honra. O contrário, no entanto, gera assunto ad infinitum, causa comoção, explica até assassinato. Como assim? Eita, se o mulherio fosse matar por causa de cada traição vivida... O planeta estava praticamente depovoado. Naturalmente, com um pai daqueles, esse lixo humano que agora é foragido da justiça não podia ser mais do que é. Que homem é esse Gil Teobaldo? De que será que ele é feito? Alguém que ironiza o sofrimento dos netos que perderam a mãe e a saúde, física e psíquica, não pode ser composto da mesma matéria que o resto dos mortais. É menos que lixo, porque lixo a gente ainda pode reciclar. Dali, no entanto, não dá pra aproveitar nada.

Bizarro também é o fato da justiça permitir tantos recursos, tantos adiamentos para julgar um caso em que o réu é confesso e anda por aí como se nada houvesse. Não dá pra entender. É triste, é desalentador, é criminoso, tão criminoso quanto o bandido que mata. Tudo porque alguém acha que é dono de outra pessoa, e mais gente também comunga com ele da mesma opinião. Haja. Espero estar viva para ver mais casos como o do cara que teve que pagar indenização à noiva que abandonou no altar "porque ela não era mais virgem". Bem feito, otário.