segunda-feira, 21 de março de 2011

Tempo, tempo, tempo

Registro o aniversário de algumas pessoas queridas, que concentraram-se nestes meses de fevereiro e março. Aniversário faz a gente contar a passagem do tempo, cada vez mais acelerada nessa época em que tudo é pra ontem. Acontece que ontem já era, e essa correria imprime na gente uma sensação de eterna "dívida", de débito com nossos familiares, amigos, chefes...

Enfim, o jeito é ir se adaptando, concluindo as tarefas da melhor forma possível, tentando se equilibrar entre as diversas demandas do dia a dia e as nossas, particulares. Corro aqui pra dar conta desse singelo blog, e para dar conta dos meus caros e poucos leitores. Poucos, mas qualificados, ora pois.

Rumo (eu) a uma viagem física, que começa no fim do mês, e a outra, mais "conceitual", por assim dizer, que vem se materializando aos poucos. Depois conto mais.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Provérbio mexicano

"A la mesa y a la cama sólo una vez se llama". Este proverbiozinho bonitinho achei numa revista de decoração (ando às voltas com coisas de decoração. Aliás, respiro cimento, cerâmica, Tupan, Dellano e Ferreira Costa). É mexicano e muito sábio. Acho uma delícia ficar reparando como a cultura dos lugares se traduz em palavras e expressões, e, em outra língua, esse reparo se torna ainda mais interessante.

Coisiquitas que são ditas desse jeito fazem a gente refletir - como nunca pensei nisso assim? E botar um sorriso no canto da boca. A propósito do sorriso, brinquei um carnaval surpreendentemente tranquilo e divertido esse ano. Inclusive levando as crianças em dois dos dias de folia. Por incrível que pareça, deu tudo certo, apesar de um pé torcido (o meu) no sábado, em Olinda.

Júlia, a pré-adolescente, disse que o carnaval "não foi assim tão ruim", o que vindo dela significa que foi maravilhoso. E Alice, la pequeñita, mesmo imitando a irmã, não conseguiu não se divertir. Educação é assim: a gente insiste, insiste, insiste mais um pouco, até que um dia pega.

terça-feira, 1 de março de 2011

Gentileza

Depois de cumprir uma tarefa profissional importante (e de ter dado tudo certo, amém), eu, meio adoentada, resolvi descansar um pouco pra ver se a virose largava de mim mais rápido. Doencinha antes do carnaval, ninguém merece. Bom.

Antes de ir pra casa, porém, dei uma passada no supermercado pra comprar umas coisinhas e fazer uma sopa. Como sempre quando vamos ao supermercado, foram mais sacolas do que eu pensava - lanche das meninas, umas carnes, pão, lá vai. Havia estacionado o carro meio longe porque pensei que ia poder levar as sacolas nas mãos.

Sem poder levar o carrinho de compras pra perto do meu carro nem tampouco deixá-lo sozinho, comecei a encher os braços com sacolas. Homens perto de mim nem tchuns - antigamente, garanto que o help vinha fácil. Certa hora, um vendedor ambulante disse a um colega - "fulano, ajuda ela", e o rapaz veio me ajudar.

Ele me ajudou a por as sacolas na mala do carro, e eu vi um saquinho no chão. Eu disse: "eita, faltou essa". Ele, bem desconfiado, falou: "essa é minha, fui eu que comprei", e já ia me mostrando a nota. Eu absolutamente não achei que ele queria roubar nada meu, pensei mesmo que a sacola tinha caído. Fiquei tão triste por ele pensar assim, e mais triste ainda pelas relações entre as pessoas estarem desse jeito, tão cheias de desconfiança.

O coitado talvez já tenha vivido situações em que desconfiaram dele, ou, talvez também, já tenha até mesmo roubado alguma coisa um dia na vida. O fato é que eu não sei de nada sobre sua vida e não o estava julgando previamente. Naquela hora ele estava me ajudando, e eu estava sendo ajudada. Só. Os discursos não-ditos podem ter feito com que ele me achasse uma nojenta, o que é uma pena pra nós dois e pro mundo.

A gentileza, de novo, perdeu espaço... Que puxa.