terça-feira, 30 de novembro de 2010

Divino mistério profundo

Tenho um amigo que está vivendo às voltas com problemas de saúde de alguém muito próximo a ele. Sua evidente tristeza me deixa também triste, principalmente porque sei que não posso fazer muita coisa pra ajudar. Nem falar adianta, nesses casos - talvez ouvir, atenta e respeitosamente, traga algum alívio. Acho que ele sabe que pode contar com meus ouvidos mas, às vezes, o que a pessoa mais quer é estar sozinha com seus pensamentos. O fato é que estou aqui, para nada ou para o que for preciso.

Engraçado como esse negócio de doença mobiliza a gente. Trata-se de aceitar uma verdade tão evidente e ao mesmo tempo tão desagradável: somos finitos e não há nada que possamos fazer a esse respeito. Mesmo assim, estamos aqui, e isso deve ter algum propósito, nem que seja o de aproveitar bem essa curta estadia na Terra, com galhardia, desenvoltura e bom humor. Claro que nem sempre dá. De vez em quando, a melancolia vai tomar conta da rotina, e os motivos para isso podem ser concretos, como no caso do meu amigo, ou podem ser abstratos, frutos de uma intatisfação que nem a gente mesmo identifica direito.

A vida é pra valer e pra levar, já disse o poeta. É difícil, em muitas ocasiões. E os amigos servem (também) pra aturar a gente quando a gente está mal, faz parte das atribuições do cargo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

35

Estava conversando com meus amigos e companheiros de trabalho, sobre o tema que desenvolveria em meu próximo post nesse digno blog. Uma voz levantou-se e disse: "escreve sobre o teu aniversário".  Essa já seria mais ou menos a minha escolha óbvia, mas queria um mote pra desenvolver o tema de forma criativa. Pensei no tal "tiro da macaca", associado num passado recente às mulheres de certa idade que não ainda não haviam se casado. O tiro, antigamente, era aos 25 - hoje, ele mudou um pouco de configuração e o prazo está mais elástico. Chega aí pelos 35...

Alex, my friend, diz - "não há mais tiro! Escreve que isso não existe mais!" Deveras politicamente correta e otimista a conclusão a que ele chegou. Mas não muito embasada na realidade. Las chicas de 35 são aquelas a quem amigos e muy amigos cobram casamento ou, pelo menos, relacionamentos sérios. Os homens escapam disso, mas são cobrados a terem sucesso profissional, etc e tal. Mesmo assim, acho que, pra eles, a coisa toda é mais leve. A questão é que todo mundo acha que há uma idade certa pra isso ou aquilo e, no fim das contas, termina sofrendo mais do que devia por acreditar nessa premissa.

Casei cedo, tive filhas antes dos 30. Meu marido casou comigo tarde, teve filhas após os 45. Ele, por exemplo, começou uma nova carreira aos 40. Eu, pretendo ainda fazer uma viagem bem adolescente com ele, do tipo "intercâmbio". Temos planos pra mochilar com classe e adequar essa realidade à nossa vida de casados, adultos, profissionais e pais. A mãe de uma amiga voltou pra faculdade depois dos 60 e ganhou uma bolsa de estudos em Portugal... Tudo é tão relativo, já dizia Einstein, embora, é claro, a passagem do tempo mude a gente, transforme nossos gostos e nossos pontos de vista e, de certa forma, nos limite. O que pouca gente comenta é que, além de limites, ganhamos também "amplitudes", "expansões". Mais calma, mais centro.

Há coisas que são mais do espírito que da certidão de nascimento. Portanto, quero dizer aqui que continuarei a usar cabelos longos e saias curtas, até enquanto eu olhar no espelho e achar que está legal. E não esqueçam do meu presente!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Amigos, amigas, casamentos

Há pouco tempo, conversava com uma amiga que terminou o casamento. Ela está namorando de novo, e feliz da vida com o fato de que o atual boyfriend é o oposto do ex-husband. Segundo ela, a maioria dos casais que conhece vive uma relação que tem mais desvantagens que vantagens. Maridos e mulheres se agridem, são descorteses uns com os outros, competem entre si, enfim... Uma grandisíssima merda.

O atual namorado fez a minha amiga sair do constante estado de tensão em que vivia com o ex, onde a agressividade dava a tônica do relacionamento. "Ele é gentil, atencioso, interessado, leve", comemora. De tudo o que ela falou, acho a leveza a qualidade mais importante - relativizar os problemas é deveras salutar pra manter a nossa sanidade e, consequentemente, a do casal.

Brigar apenas quando for realmente necessário, idem. Não concordo com a mania de discutir relação toda hora - além de ser chato, às vezes é improdutivo. Exemplo: TPM pode ser motivo suficiente para que mulheres pensem e até decidam pela separação, com a toda a convicção que os hormônios garantem nessas horas. O homem esperto, ao invés de cair nessa esparrela, espera a tempestade passar. Quase sempre fica tudo bem ao fim de três ou quatro dias.

Mais uma vez, acredito na maturidade (que não tem necessariamente a ver com a idade), na gentileza, na amizade e nas afinidades para fazer uma relação funcionar. Opostos não se atraem, eles terminam mesmo é por se agredir ou se distanciar, mais dia, menos dia. Coroando a coisa toda, amor, que tem que começar com paixão, sempre, embora a gente saiba que paixão não demora - ainda bem. A questão é que a paixão tem a força do movimento, faz a gente sair da zona de conforto - amor ágape é pra padre. Mesmo com prazo de validade, a paixão tem força e potencial pra não deixar o amor amornar demais.

Por fim, acredito (porque vi, e vejo) que cada casal é um, que o fulano que era assim numa relação poderá vir a ser assado na outra, e que a mulher desconfiada e chata de outrora é a esposa compreensiva e sexy de agora. O mundo gira, as pessoas junto com ele. E a cabeça é redonda pra permitir ao pensamento mudar de direção - mesmo que seja uma mudança de 360 graus...