segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Faxina

Tenho umas superstições, que não são tantas assim, mas me dão trabalho - ano após ano. Acho que casa desarrumada e não faxinada antes do fim do ano não presta - impede que as energias boas circulem, essas coisas que saem na revista Bons Fluidos. E fico louca querendo arrumar a bagunça de um ano inteiro em um ou dois dias. Nem tanto a minha bagunça, que dessa dou conta, mas a do povo da minha casa, cuja tendência irritante a ser um daqueles acumuladores protagonistas de programas de TV a cabo me tira do sério. Sobra pra mim, que quero tudo desobstruído para receber o ano novo. Quem manda?

Sempre tiro do armário roupas que não uso mais, tento jogar fora o máximo de coisas que dá, viro a louca da vassoura - mas a minha casa é um caso à parte. As tranqueiras brotam do chão e se multiplicam feito gremilins. É difícil. Na vida, a gente também precisa das nossa faxinas. Limpar a área pra permitir que chegue o novo - novo e bom, diga-se, porque uma coisa não é sinônimo da outra. Tomara que as novidades, então, sejam as melhores, e que a gente tenha a sabedoria necessária pra entender os momentos das passagens, das transições, das mudanças.

As rotas conhecidas são as mais seguras. As desconhecidas são emocionantes e descortinam possibilidades impensadas. A ver lo que pasará ;)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Horizontes

Certa vez, há um tempão atrás, resolvi que queria estudar de novo, que queria estudar mais, que queria até mesmo ser forçada a estudar - uma situação em que acredito muito, porque se nos fosse dada a opção de fazer só o que a gente realmente quer fazer, o tempo todo, no mundo... Imagina só a porcaria que sairia dessa história. Viveríamos como a minha gata Maltine, o ser vivo mais folgado que há. A existência dela é uma beleza, mas não é exatamente produtiva, e não agrega lá muito valor à vida no planeta. Bom, se considerarmos a cadeia alimentar ou, sendo mais boazinha, a função social/afetiva dos pets... Há muito tempo que gatos e cachorros mandaram às favas essa conversa de cadeia alimentar, inclusive. Mas essa é uma outra história.

Voltando ao tema: conhecimento é esforço. Ninguém amplia repertório só assistindo ao The Voice. É preciso dedicar um tempo para querer saber das coisas, e sem estudar, estudar em um sentido mais amplo, a gente emburrece e nem percebe. Estava falando com um amigo um dia desses sobre o sentido e a importância da educação, e  discutíamos o fato de que as pessoas, senso comum e dado medido por pesquisas, não costumam enxergá-la como uma necessidade prioritária.  O povo fala de saúde, de buraco, de trânsito... Educação não aparece no ranking. Argumentei com ele: "claro. As pessoas não estão se educando como deviam, por isso não conseguem ver que precisam se educar". O raciocínio é circular, e é óbvio.

Quanto mais sabemos, mais queremos saber. Neste momento, ando assim com o flamenco. Estudei, estudei - e descobri que não sei nem a metade do que gostaria de saber. Reconheci que meu repertório é insuficiente, pelo menos para o grau que pretendo atingir. Não é profissão, é paixão - e por isso mesmo, merece ser levada muito a sério. Assim sendo, decidi estudar mais. Vou buscar na fonte, para dançar mais bonito, e principalmente para dançar com cada vez mais prazer, e tentar atingir o nível que considero justo e decente. Fim das contas, a gente só faz com alegria (pelo menos eu) quando sabe o que está fazendo.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sobre o tempo e a perda de tempo

Li numa revista muito instrutiva que Mercúrio estava retrógrado até o dia 11/11 e que, portanto, até esta data, toda comunicação entre os seres estaria fadada ao fracasso. Aproveitei para adiar as conversas complicadas, uma vez que, mesmo sendo meio cética, não sou besta. As conversas não conversadas, entretanto, costumam achar uma brecha na agenda, mesmo que você esteja muito, muito ocupado. Aí, depois da conversa, descobre-se que tudo poderia ter sido bem mais simples do que foi. Oh, God. E compreende-se que o tempo, este elemento tão escasso na natureza dos dias contemporâneos, perdeu-se pelo caminho. O consolo é que, enfim, as coisas se resolvem, de um jeito ou de outro. Bom é quando elas se resolvem do melhor jeito, né não? O amor e o bem querer nunca falham.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sexta-feira santa

Na sexta-feira passada, início da noite, bailaoras se encontraram para fazer algo diferente de ensaiar (que é só o que a gente faz na vida - quando não está trabalhando - neste período do ano). Fomos, naturalmente, debater sobre iniciativas flamencas que iremos empreender juntas. Antes mesmo de começarmos a listar as promessas tradicionais de ano novo, as promessas flamencas foram postas à mesa (do bar em que estávamos). E eis que já temos uma viagem marcada, para Madri, com uma paradinha básica em Sevilha, que ninguém é de ferro. Antes, porém, estaremos juntas em Porto Alegre, a bailar com Farruco. Antes ainda um pouquinho, tem o curso de Talegona, que é pra ir acordando o duende. Todas ricas, que é como a gente fica quando bebe. Confraria é isso - e é do bem. O único senão foi o efeito colateral no sábado, dia de ensaio, o dia todo. Sextas-feiras, a partir de agora, são todas santas.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Farruco

Quem dança flamenco, sabe: nada é igual a beber na fonte. Raízes importam, sim, e muito. Flamenco é terra, é chão, é força. Acho que por isso sempre me impactaram tanto as aulas com o povo roots da Espanha - dos cursos que já fiz, e já foram vários, os mais importantes, os que me tiraram do eixo, foram os de Rafaela Carrasco e Carmem la Talengona. Duas gigantes, talentosíssimas. Um sentido para cada movimento e, mesmo assim, com elas a técnica nunca falava mais alto que a emoção. Bonito de ver, emocionante, daquela emoção que sobe pra pele, e arrepia a gente, faz chorar. Desta vez, pela primeira vez, encontrarei-me com um bailaor, homem - espanhol, cigano, nascido e criado numa família de artistas flamencos. O talento dele é resultado de trabalho e dedicação, sim, mas vem de mais longe. Quem o vê dançar enxerga a linha evolutiva de quem nunca ignorou a tradição para ser o que é: um bailarino contemporâneo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Sick

Estou com a maior dor de cabeça que já tive na vida. No momento, consigo escrever aqui porque estou meio dopada por um monte de analgésicos, mas ainda assim dói tudo. Cabeça, pescoço, olhos, ombros, costas, mandíbula, fronte. Não sei o que é, mas acho que uma benzedeira ajudaria. Minha avó, quando eu era criança, benzia os netos. Quando estávamos com olhado, segundo vovó Anita, o galhinho de planta que ela usava pra passar por cima do nosso corpo murchava.

Tenho a impressão de que se ela fizesse isso hoje, eu faria murchar uma palmeira. Uma sensação horrível. Pensei em coisas trágicas, não nego. Ainda estou pensando - credo. Dor é um efeito colateral muito triste da nossa condição de vivos. Sou resistente, demoro a tomar remédios, mas dessa vez tudo está um tom acima. A última vez que me lembro de ter sentido dor por um tempo tão estendido foi quando entrei em trabalho de parto da minha primeira filha. Puxado, puxadíssimo.

Quero minha sanidade de volta.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Toda nudez será pentelhada

Nunca mais passei por aqui. Faltou tempo; faltou inspiração. Resolvi voltar, animei-me novamente com a escrita e com as reflexões verbalizadas, que as não-verbalizadas jamais me abandonam - ainda bem. Mais uma vez, os temas femininos (ou feministas) me mobilizam. A culpa não é minha, é do mundo que insiste em não mudar. Saco esse negócio do povo patrulhando os pelos da Nanda Costa. Tony Ramos vive mostrando seu belíssimo torso ultra peludo por aí e ninguém abre a boca pra chamá-lo de porco. Sim, porque houve quem acusasse a menina de "porca" só porque ela não fez uma depilação estilo bebê recém nascido. Ai, meus sais.

Já disse isso a alguns próximos, mas agora não sei mais se tenho a mesma opinião. Como não nasci rica, infelizmente, a minha possibilidade de enriquecer é bem restrita. Não tenho nenhuma intenção de roubar nada nem ninguém - portanto, esse caminho não me serve. O caminho do casamento por interesse também não rola. Loteria, muito improvável, já que jogo só na mega sena da virada, no fim do ano. Através do suor e do trabalho, xi... Só na próxima vida, que sou jornalista. Com muito prazer e orgulho, mas não serei rica, fato.

Havia um caminho bom, caso a Playboy me descobrisse, que era posar nua. Achava, na minha doce ilusão, que era o dinheiro mais fácil de ganhar do mundo. Tira a roupa, faz umas fotos, enche a carteira. Simples. Era, antigamente. Hoje, é o maior estresse que há - tem que malhar, botar silicone, fazer lipo, depilar assim ou assado. E tudo pra mostrar peito, bunda e xoxota. Novidade mesmo, nenhuma. Com photoshop e tudo, as meninas peladas estão sendo mais julgadas que os réus do mensalão. Quero mais não. Conformei-me com a pobreza, fazer o quê?

terça-feira, 25 de junho de 2013

As mulheres, os homens e as danças em par

Já escrevi outras vezes sobre as diferenças na relação de homens e mulheres com algumas coisas e situações  típicas dos universos de gênero. Futebol, menstruação, choro e não sei mais o quê foram temas de posts neste blog. Desta vez, palpitam em minha mente comentários e análises acerca da dança em casal, que difere sobremaneira no entendimento de machos e fêmeas.

A maioria das mulheres que conheço gosta de dançar. Ponto. Dançar simplesmente, sem impor para a dança um significado outro que não seja mexer o corpo ao som de música. Para as danças em casal, a lógica é exatamente a mesma, com a ressalva de que, se você gosta e tem aptidão para o baile, melhor coisa do mundo é dividir a pista com quem está na mesma sintonia.

Estive numa festa de São João onde havia bailarinos profissionais contratados para dançar com as moças convidadas. Arrisco dizer que é das ideias mais geniais de todos os tempos desde a invenção da máquina de lavar roupas - a pessoa dança com quem sabe o que está fazendo, não aperreia ninguém e ainda se diverte muito, muitíssimo. Nas danças de salão, faz toda a diferença um parceiro que saiba conduzir - o potencial das mulheres que gostam e têm jeito pra coisa é explorado em toda a sua magnitude.

Para os homens, a dança é, mais das vezes, uma forma de aproximação, um jeito de encostar o corpo naquela cidadã que lhes chamou a atenção. Por isso, nem sempre eles entendem que o fato da gente querer dançar com completos estranhos resume-se só e simplesmente à excelência do bailado destes senhores-exímios-bailarinos. Não queremos nada mais que isso - a dança é maior que as pulsões, ora bolas. Pra mim, pelo menos, é.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Girl Power

Me dano quando dizem que entre mulheres não há solidariedade, que as mulheres só competem entre si, que não se gostam de verdade, blá, blá, blá. Sempre achei esse um discurso machista, disseminado mundo afora por homens que preferem que as mulheres não se unam, porque é claro que, juntas, temos mais força. E sim, precisamos de força, precisamos ser gregárias, porque o mundo é ainda muitíssimo desigual. Nunca vi ninguém chegar em lugar nenhum como grupo sem agir coletivamente. Os nossos problemas mais graves são os problemas de todas as mulheres, basicamente. Quem não enxerga isso, sorry, é cego, burro ou pilantra mesmo - ou seja, não enxerga porque encontra vantagens em não enxergar.

Essas reflexões me surgem a partir do happy hour da última sexta-feira, que compartilhei com meninas de quem gosto demais e a quem eu quero muito bem; e da entrevista que li com Daniela Mercury e Malu Verçosa. Elas comentavam sobre o fato de a intolerância quanto às escolhas sexuais das pessoas estar muito vinculada ao machismo histórico que nos engole cotidianamente. É incrível observar que, por mais que briguemos contra, por mais que o nosso discurso doméstico diga o contrário, nossas crianças absorvem e reproduzem atitudes sexistas, mesmo que elas sejam meninas - o mundo faz isso com elas.

Insisti peremptoriamente com minha teenager girl que Taylor Swift não é uma pessoa sem caráter porque namorou vários meninos que depois do fim do namoro ficaram perdidos de amor por ela. Foi difícil argumentar com ela que os carinhas das boy bands não eram coitadinhos dilacerados por uma monstra sem coração - falei que os rapazes estavam ali por vontade própria. e que os relacionamentos terminaram como terminam os relacionamentos, talvez de forma um pouquinho mais dramática e rápida porque, afinal, eram namoros adolescentes. Certa hora, ela disse: "ah, mãe, tá bom de tanto feminismo". Pra quê? Falei mais meia hora. Tá bom nada. Não percorremos nem metade do caminho ainda.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A mocinha da Hering

Precisava comprar um presente pra minha sobrinha, que faz aniversário amanhã, e dei uma passada no Tacaruna na hora do almoço. Depois de comer rapidinho, entrei na loja de brinquedos, fiz a compra, levei uns relógios pra consertar (dizem que relógio parado em casa é um perigo; quem sou eu pra ir de encontro a essas certezas justo no mês de junho?). Antes de ir embora, passei na frente da Hering, e vi uma saia longa - não era exatamente do jeito que eu queria, mas como estou meio louca pra comprar uma saia longa, perguntei se tinha tamanho P para a mocinha vendedora.

Tinha uma P, mas estava pendurada. Roupa de malha, pendurada num cabide desses que marcam, compro não. Sorry, lojistas. Perguntei à mocinha se havia alguma peça no estoque - e ela super me entendeu, registrou na hora que o problema era a roupa estar meio marcada e esticada. Ela subiu, demorou um século, e voltou dizendo que não tinha. Eu perguntei se havia outra estampa, enfim, outra possibilidade. Ela subiu de novo, e voltou com a mesma saia pendurada, que eu tinha visto ela pegar, inclusive, dentro de um saco, dizendo: "achei".

Fiquei passada com a cara de pau. Peguei a saia, olhei pra ela e disse: "meu amorzinho, essa é a mesma saia que eu disse a você que não queria. Obrigada, mas com você não compro mais nada". Ainda fiquei achando depois que eu devia ter chamado a gerente dela pra registrar minha indignação, mas depois pensei que talvez seja essa a orientação dada pela própria (gerente) às vendedoras. Pelo menos ela podia ter sido mais discreta, né? Pela madrugada. Sou idiota não, minha filha. Sorte a dela que eu não estava a fim de exercer meu direito ao protesto. Protesto anda muito na moda demais, tenho pânico dessa energia da boiada, que nunca há de dominar a minha vida.

Hering do Tacaruna, entretanto... Não verá mais o meu suado dinheirinho.

domingo, 9 de junho de 2013

Nuvem

Uma vez escrevi, a respeito das comemorações relacionadas aos 100 anos de morte de Machado de Assis (acho que o mote era esse), sobre como podemos inviabilizar a nossa comunicação interpessoal, mesmo falando a mesma língua e comungando do mesmo código cultural. Refletia então sobre como às vezes as pessoas se perdem umas das outras por não conseguirem dizer, por dizerem de forma equivocada, por serem mal entendidas.

Há teóricos da linguística que defendem um ponto de vista radical - dizem eles que a comunicação não existe. Os falantes dizem o que querem ou o que acham que querem; os ouvintes entendem como podem. No meio dessa confusão, estaríamos todos conversando com nossas próprias pequenas ou grandes loucuras. Temo que esta análise não esteja assim tão distante da realidade. Como é difícil tratar de temas sérios sem agredir, em algum momento do discurso, ainda que esta não seja absolutamente a sua intenção.

Mais difícil ainda é não interpretar a fala do outro, e eventualmente sentir-se ofendido por ela; mesmo que este outro esteja buscando consenso e entendimento. O problema é que queremos, todos, o entendimento segundo o que consideramos bom e justo, e esta premissa é pessoal e intransferível. A subjetividade presente nos textos, em quaisquer textos, é tão imensa que me parece impossível dizer, de forma exata, aquilo que pretendemos. Porque o interlocutor vai entender do jeito dele, do jeito que ele consegue - do jeito que ele deseja.

E aí, quando fala o desejo, ficamos todos mudos.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fundamentalismos e fundamentalistas

Não posso conceber que alguém que trabalhe com comunicação assuma posturas monológicas, parafraseando a linguística. Falar sozinho, me parece, ou é coisa de ditador ou de doido. Estes últimos, respeito muito mais, aliás. Mas a doidice tem que ser legítima pra eu gostar, viu, pessoal? Doido que só é doido pra se dar bem e não rasga dinheiro, no fundo, no fundo, de doido mesmo não tem nada.

Eliminada a possibilidade da doidice real, sobra o fundamentalismo de ocasião. Delírios de senhor de engenho, acostumado a dar ordens e vê-las obedecidas sem questionamentos, aguento não. Não vim pra esta vida pra desperdiçar meu precioso tempo com discussões inócuas, muito menos pra "obedecer" aos desígnios de quem se acha detentor dos saberes do mundo. A discussão é válida quando serve a um propósito, não quando se transforma em queda de braço com o único objetivo de afirmar as "razões" absolutistas de alguém.

Engraçado que estas reflexões surjam a partir de um ambiente que se propõe a debater e trabalhar pelos "direitos humanos". Engraçado mesmo.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Coisas bestas, supérfluas e deliciosas

Depois de passar uns dias envolta em uma atmosfera densa, resolvi que já era tempo de pegar mais leve. Comecei desde ontem, assistindo às dicas de maquiagem da linda/fofa Julia Petit no GNT, e aprendi umas tantas coisinhas bem interessantes pra passar sombra com mais desenvoltura. Lembrei logo de Luisa, que vai casar e adora maquiagem, e de Dani, minha amiga blogueira cada dia mais bombante na rede. De Dani Lima e seu batom russian red da Mac e de Sued e sua fineza na hora de adquirir produtos de pintar o rosto. Não dá pra viver sem isso, girls.

Continuei hoje, fazendo umas comprinhas no shopping na hora do almoço; coisa pouca, só porque eu estava mesmo precisando. Das roupas e da diversão agregada ao ato de comprá-las. Já na hora de voltar, enquanto eu tomava um picolé saia e blusa da Frisabor, leio uma mensagem enigmática no celular  e, ao retornar à labuta, passo um tempo descontraindo a partir da informação recebida. Senti-me um pouco má, mas não pude evitar.

Break no trabalho just now. Fofocarei com meus companheiros, e depois retomamos a vida na reunião do São João 2013 que acontece logo mais às 17h. Olha pro céu, meu amor.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Travessia

Dizem os horóscopos (sim, meu povo, aquele negócio que fala de signos e ascendentes) que a nossa existência é determinada por ciclos. Que há um tempo para as coisas, tempo este que não dá para apressar, nem atrasar. Não acho muito justa essa visão meio fatalista da trajetória humana, até porque isto nos retiraria da condição de seres pensantes, capazes de escrever nossos próprios caminhos e alterá-los, caso necessário. Mas que em algum lugar está determinado o espaço do imponderável, do imprevisível - ok, destino, para quem acredita nele - está. Não sei onde, nem se ele é fruto dos movimentos dos astros ou dos desígnios de alguma divindade. Fato é que estruturamos a vida sob as bases das rotinas, porém vivemos segundo os fatos surpreendentes que aqui e ali nos atropelam. E vamos nos adaptando, criaturas metamórficas que somos. Na natureza, são estes os que sobrevivem - alguma outra explicação para o domínio do homo sapiens sobre o planeta? Bom, pelo menos a gente acha que domina. Até nisso, poderemos ser surpreendidos dia desses, caso um evento do tipo Planeta dos Macacos venha a surgir no horizonte. Sou tão cética que não duvido de nada.


domingo, 12 de maio de 2013

Viva Daniela

Desde muito antes dela virar musa do movimento homossexual e tendência, eu já curtia Daniela Mercury. Desde "swing da cor". Desde que fui a um show dela há uns bons 18 anos, até hoje registrado na memória como um dos melhores que já vi na vida. A considero, dentro do gênero que ela abraçou, a melhor - Daniela faz música pra dançar, e se esta premissa não se traduz em sofisticação (no sentido mais literal da palavra), não significa dizer que sua arte é menor, ou conduzida com menos cuidado. E quem disse que música de dançar é menos do que outros tipos de música? Quase me traio, logo eu, uma bailarina convicta.

Só sei que foram três horas de um show incrível, levado com a energia de sempre. Estou completamente arrasada - fisicamente - e feliz da vida. As pernas, os pés, os braços, a cintura e o pescoço doem (eita, sobrou alguma coisa?), mas o espírito está leve, levíssimo. Tenho pra mim que precisamos destes momentos de absoluta desconexão com as coisas ditas importantes pra poder levar a existência de um jeito bom. Não me parece justo que seja diferente - e acho triste quando alguém só lê livros e vê filmes cabeça, só faz coisas cabeçudas e só conversa cabecices. Às vezes, a vida pede que a gente seja superficial, besta e despreocupado.

O show foi tudo de bom, como vocês podem perceber.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Futebol, esse estranho movimento

Não foi por falta de tentativa, mas eu nunca consegui entender esse fascínio que o povo, particularmente os rapazes, têm pelo futebol. É tudo muito estranho - a alegria, a tristeza, a euforia, a depressão. Os meninos matam e morrem por causa desse negócio, e tudo o mais se perde numa aura de desimportância absoluta quando se trata do time do coração. Inclusive, nós, mulheres. E eu não cultivo nenhuma raiva relacionada, pelo contrário - o futebol (em geral) deixa os homens felizes, e homens felizes não enchem o meu, o seu, o nosso saco. Registre-se que eles ficam particularmente bem quando jogam futebol, e rasgando-se de alegria quando jogam bem. Eufóricos quando os demais reconhecem que eles jogaram bem.

Eis que os rapazes-colegas-de-trabalho iniciaram uma pelada às segundas-feiras. Desde então, as terças têm sido luxo só. Divirto-me horrores ao ouvir as histórias dos dribles, faltas e afins, contadas com direito a lances dramáticos mais que interessantes. Coincidentemente, eles jogam no mesmo lugar onde eu danço, e hoje estaremos dividindo o ambiente. Uma parte pro flamenco, outra para o futebol. Vale registrar que nosso saudável ambiente de trabalho contaminou-se com a nova prática, e estabeleceram-se novos parâmetros de admiração, além de empoderamentos muito originais. O cabra que joga bem ganha status e respeito dos demais, e vira, assim, uma espécie de ser sagrado.

Não resistirei e darei uma espiadinha, obviamente. Depois faço meu relato ;)


terça-feira, 9 de abril de 2013

Fantasticamente imbecil

Será possível que só eu tenha percebido o nível acachapante de imbecilidade agregado àquele novo quadro do Fantástico - "Mundo sem Mulheres"? A premissa é de um machismo do tempo das cavernas. Nem Jece Valadão faria parecido. É assim: as moças saem de "férias" da família (eu só tiro férias do meu trabalho; afinal, meu marido não é meu chefe) e os caras têm que "se virar". Ou seja, dar banho e comida para as crianças, um jeitinho na casa... Toda a lógica diz respeito às tarefas domésticas, que são consideradas "femininas". Não tenho palavras para descrever a irritação que me dá ao ver aquilo ali. O programa reforça os estereótipos, infantiliza os homens, idiotiza as mulheres. É de um atraso injustificável. Nessas horas, tenho vergonha da indústria do falso jornalismo, que confunde informação com entretenimento de baixa qualidade e nenhum nível de reflexão válida. Lixo puro.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Mundo, vasto mundo

Falava agora com uma amiga que acaba de chegar de São Paulo. Ela dizia sobre o quanto gostou da viagem, o quanto acha que seria feliz vivendo por lá - também acho São Paulo uma delícia. Gosto do fato de já ter ido lá tantas vezes, e de me sentir meio "pertencendo" à cidade, de conhecer seus caminhos, muito embora não seja um conhecimento, assim, profundo.

Bien, mas é conhecendo superficialmente que a gente se apaixona, afinal. Ano passado, apaixonei-me pelo Rio, só pra não deixar de ser que nem todo mundo. Quem não se apaixonaria, afinal? O Rio é lindo, vistoso,  envolvente, sexy. Dois chopes, e pronto - você já está no papo. São Paulo é mais sóbria, mais discreta - precisa de um olhar mais demorado pra gente se encantar por ela. Porém, suscita afetos duradouros.

Escrivinhando aqui porque ando com muita saudade de ambas - e cada uma tem de mim um tipo de saudade diferente. As cidades são como as pessoas - nem sempre é fácil entendê-las, mas nem por isso você deixa de gostar delas. Vou voltar. Aguardem-me, moças.

terça-feira, 19 de março de 2013

Mundo, estranho mundo

O mundo acabou. Essa é uma das frases mais repetidas por Nina Lemos, minha repórter/escritora favorita, que escreve na minha não menos favorita revista feminina - a TPM. O pior é que ela tem razão, e descubro isso todos os meses quando sou atualizada pela publicação sobre as coisas mais bizarras que acontecem no planeta, particularmente do planeta das mulheres.

Alguém aí poderia imaginar. em um sítio onde a terceira guerra mundial ainda não começou, que tem moça nos EUA (tinha que ser) cujo desejo de vida é ter uma vagina igual à da Barbie? Sim, sim, isso existe. Causo é que eu comprei já inúmeras Barbies para as minhas crianças e não me consta que elas tivessem uma (vagina). Na minha concepção, significa dizer que estas moças querem, pela ordem:
- uma xoxota pelada (means sem pelo nenhum, igual a de um bebê recém nascido);
- uma xoxota fechada (colada, sem abertura nenhuma, nem para o xixi. Pra que serve isso, minha gente?);
- uma xoxota asséptica (sem cheiro, sem textura, sem nada. Pela madrugada - é só que tenho a dizer).

Alcancei não. Qual é a proposta? Fato é que o povo americano anda fazendo uma tal de "plástica íntima", que deixa as vaginas femininas mais "discretas". Oi???? Agora deu. Acho que o fato de andarmos vestidas por aí já é discrição mais que suficiente. E ainda dizem que não tenho razão em ser feminista - existe uma prova mais contundente que precisamos do feminismo mais que nunca? Até na xoxota alheia a indústria da pasteurização e da estupidez quer mandar.

Esses cirurgiões deviam ir pra cadeia, e estas mulheres que plastificam suas vaginas, pro hospício. Valha-me.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sobre radicais e moderados

Nunca fui uma pessoa radical - tenho até certa dificuldade em assumir afirmativas categóricas para a minha vida, mesmo quando elas se fazem necessárias. Sempre, ou nunca, parecem a mim tempo demais. Deve ser por isso que não professo nenhuma religião, nem tenho time do coração - acho todo mundo que caminha estes caminhos meio dramático demais, meio over, sei lá. Sei que, em algumas situações, as pessoas precisam do tudo ou nada, até para estarem vivas - como no caso de um vício, por exemplo. Mas, como sou viciada só em flamenco, e mesmo assim uma viciada saudável (hahaha), abstenho-me dos extremos, e ando aí pelo caminho do meio. Talvez eu seja uma criatura que equilibra-se em cima do muro, fazer o quê? Não acho que só uma das partes têm razão, na maior parte das vezes. Ok... Quando discuto com my husband, acho que apenas eu tenho razão. Peraí também, né? Ainda sou alguém quase normal ;)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Festa

Nós na folia: tem quem goste mais de carnaval que a gente?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Dizendo bem

Tem jeito não. O carnaval dessa terra é mesmo um espetáculo sem parelha. De quarta feira pra cá, só não estive carnavalizando na quinta-feira, e só porque o novo Recife tem exigido muito de mim. O paraquedista real juntou gente, digamos assim, mais madura - e eu, que nunca tive medo da idade das pessoas, me diverti horrores ao lado das minhas filhotas, que - pasmem! - acharam a festa "até boazinha". Coisa mais linda e animada. Música boa, gente boa, atendimento (no Bar Real, registre-se) bastante razoável para a quantidade de pessoas que havia no local. Vou de novo.
Na sexta, o Automatic Lover fechou no Cafuçu. Cada música boa, minha gente, interpretadas magnificamente por Black e Mônica Feijó. O momento fuleiragem, que precisa existir em minha vida, foi completo. Preciso confessar, inclusive, que sou autenticamente fã de Kelvis Duran. Magal nem me comoveu tanto assim, mas pelo menos ele fez direitinho quando cantou as músicas mais tchan tchan tchan do seu restritíssimo repertório.
Sábado, apoteótico. O Vampirão do Sítio mais uma vez saiu arrastando pela ZN uma multidão de vinte pessoas, que engoliu o povo d Os Barba. Fomos ovacionados (pro bem e pro mal...), e Pedro Henrique, que não conseguia conter sua animação vampiresca, escapou por pouco do linchamento. Depois, fizemos as pazes com os foliões do Poço e fomos todos felizes. Eu e husband brigamos, lá pelo fim da festa, mas como não lembramos de nada, amanhecemos o dia no maior love. Carnaval faz desses milagres.
No domingo, levei as crianças pro Panelinha. Alice até passou sombrinha de frevo por baixo das pernas, um espetáculo. Julia estava linda de melindrosa. Eu estava meio quebrada, não sem razão, mas ainda assim deu pra curtir o clima de folia saudável que reinava lá pela Real do Poço. Coisa mais boa, meu Deus.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A preguiça cansa

Estava pensando sobre o cansaço, e cheguei à conclusão de que ele tem mais a ver com estar em um lugar onde não se quer estar, fazendo que não se quer fazer, do que com fazer muita coisa ao mesmo tempo. Sometimes, fazendo muita coisa a gente descansa - uma atividade ajuda a relaxar da outra, e assim sucessivamente. Quando estudo, descanso do trabalho; quando cuido das crianças, descanso do estudo; e quando faço compras, descanso das crianças. Ruim é se encher de atividades pouco prazerosas, ou pouco produtivas. Até lavar uns pratos, eventualmente, pode ser um calmante poderoso. E assim a gente vai dando conta das muitas demandas diárias, sem sofrer, nem dramatizar. Ao contrário, até - vamos curtindo essa correrriazinha gostosa, feito esse povo maluquete que gosta de usar sapato apertado só pra poder sentir o prazer de descalçá-lo a seguir. Sempre tem no mundo alguém mais doido que a gente, afinal.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Quanto tempo

Nossa Senhora, quanto tempo sem tempo pra escrever aqui. Novos desafios, novas demandas, novas pessoas. Tudo diferente, mas parecido com a energia lá de 2007, quando comecei a fazer parte de um projeto que me fez e me faz crescer a cada dia, a cada passo. Meio por acaso, meio sem planejar, caí em um lugar, ao lado de um grupo de pessoas especiais, que viria a mudar o rumo da prosa da minha existência.

E que sorte a minha. Nenhum grupo, dentro do grupo maior a que pertencemos, é tão especial. Duvido que seja. São homens e mulheres com um espírito que pouco se vê por aí. Nosso vínculo é profissional, mas é também afetivo. De cuidado, de confiança. De amor. Oxalá possamos reproduzir este ambiente onde estamos hoje, ampliando o raio de alcance desta energia. Ganha a cidade, ganham as pessoas que vivem na cidade.

P.s.: Beijo de boa sorte para todos os que assumiram desafios tão grandes quanto a vontade de fazer bem feito no início deste ano. Para Alexandre (s), Dani, Fabiana, Mariana, Roberta, Melânia, Antônio, Fernanda, Arthur, Andréa, Geraldo, Luciano, Carlos Augusto, João Guilherme, Ana Rosa, Márcio, Rodrigo (s), Felipe... E mais.