Quem dança flamenco, sabe: nada é igual a beber na fonte. Raízes importam, sim, e muito. Flamenco é terra, é chão, é força. Acho que por isso sempre me impactaram tanto as aulas com o povo roots da Espanha - dos cursos que já fiz, e já foram vários, os mais importantes, os que me tiraram do eixo, foram os de Rafaela Carrasco e Carmem la Talengona. Duas gigantes, talentosíssimas. Um sentido para cada movimento e, mesmo assim, com elas a técnica nunca falava mais alto que a emoção. Bonito de ver, emocionante, daquela emoção que sobe pra pele, e arrepia a gente, faz chorar. Desta vez, pela primeira vez, encontrarei-me com um bailaor, homem - espanhol, cigano, nascido e criado numa família de artistas flamencos. O talento dele é resultado de trabalho e dedicação, sim, mas vem de mais longe. Quem o vê dançar enxerga a linha evolutiva de quem nunca ignorou a tradição para ser o que é: um bailarino contemporâneo.