Estava assistindo a um MTV na Estrada antigo, com o pessoal da Nação Zumbi ainda na era Chico Science. Fiquei ali, olhando Chico falar, e pensando, fazendo conjecturas. Até onde será que ele teria ido, com todo aquele talento? Sim, porque tudo era tão novo, e mesmo assim já fazia tanto sentido. Lembrei do tempo em que víamos os meninos da "cena mangue" por aí, em todo lugar, fazendo shows na Soparia, na UFPE, na Fun House. Como nós, que passamos dos 30, somos privilegiados por termos vivenciado de perto aquele movimento.
Chico tinha, então, uma percepção rara e particular do que estava fazendo ali. Não se tratava de marketing, de autopromoção, apenas. Tratava-se de comunicação, que, no caso dele, era construída através de palavras, melodias e movimentos. Ele falava, e a gente ouvia. Lembro do meu irmão chegando em casa com o primeiro CD de CSNZ, Da Lama ao Caos. Não entendi muito, a princípio, mas gostei rápido. Era uma coisa quase pirata, que foi passando de mão em mão, boca a boca, até que ganhou a cidade, o Estado, o mundo. E a gente, que não estava acostumado, começou a achar a nossa terra um lugar muito legal. Toda semana, nossos amigos estavam na MTV, e a MTV, naquela época era, de fato, uma vitrine para os bons. Ficávamos orgulhosos que só.
Mérito de Chico, e de todo mundo que estava junto, construindo essa história, hoje a gente acha muito normal que digam que Pernambuco é o Estado mais interessante do país, principalmente no que diz respeito à cultura. Agradecemos, e seguimos em frente, sem deslumbre, contando nos dedos dos pés, das mãos, e nos dedos dos vizinhos, o tanto de gente boa e talentosa que nasceu e cresceu aqui. Eita, perdemos as contas, pessoal. Fazer o quê?
quinta-feira, 25 de março de 2010
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"Modernizar o passado é uma evolução musical"
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