sábado, 21 de julho de 2012

Enviado pelo marido

Especial. Adorei :)
M.
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(dos outros)

Pingo de groselha


(a partir de fragmento de «O olhar filosófico do cinema», de Lúcia Santos, a respeito do filósofo Ollivier Pourriol)

(...) Para esclarecer esses temas, o autor recorre ao pensamento de Sartre, Platão, Spinoza, Deleuze, Hegel, Descartes.

Há o mundo, e depois há o mundo do desejo.

Há o rosto, o nariz, a boca, os olhos, há a mão, depois há a sua mão, seus olhos, seu nariz, sua boca. Seu rosto. Há o mundo e depois você. Quando sinto falta de você, o mundo fica vazio, ou tomado por você, depende; Sartre diz a mesma coisa, mas de maneira diferente: “Acontece com o desejo o mesmo que com a emoção: já assinalamos que a emoção não é a apreensão de um objeto comovente num mundo inalterado; porém, ao corresponder a uma modificação global da consciência e de suas relações com o mundo, ela se traduz por uma alteração radical do mundo” (O ser e o nada). Sim, o desejo modifica a consciência de maneira global. O desejo não é parte de um todo, mas modifica o todo. O desejo é como uma gota de groselha num copo d’água: muda tudo. A água toda fica vermelha. A consciência inteira ganha a cor do desejo, logo, o mundo dessa consciência também muda radicalmente: há um mundo do desejo. E o que faz o cinema, senão nos mergulhar nesse mundo do desejo pelo filtro de uma consciência?

(...)

(de mim)

Que bom ler o texto (pensamentos) acima.

Saí da desconfiança de um Ser fadado ao romântico, portanto derramado na dose - ou melhor, confessor da intimidade de seu pensamento específico sobre e para uma mulher - ao caminho iluminado por um viés filosófico, assim, profundo, complexo, existencial, porém simples nas aparências.
Nem exagero, nem utopia. Apenas um ponto de vista que nem faz da amada algo maior que o mundo, nem a apequena diante dele; como talvez o faça alguns muitos homens a respeito de suas mulheres, ao vê-las como «suas mulheres», e não como um ser igual, com as admiradas (e desejadas) diferenças, que não devem levá-las ao pedestal, a não ser poeticamente, mas a um lugar particular no interior (o senso comum chama de «coração»), onde - mudança de tratamento - você o toma por inteiro. Isso é uma delícia, mesmo sendo um risco óbvio que se corre na vida. Mas assim se vive melhor, ou melhor, se vive.
Então, você é aquela gotinha. Política, futebol, vinhos, sapotis, viagens, vagina e arredores, a música e o trabalho, tudo é tingido de groselha quando a sinto em seus atos, olhares, gestos, quando me cheiras.

That is all for a minute.
Clériston, 20 de julho de 2012.

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